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domingo, 9 de janeiro de 2011

Como um flash: Segredos 1


Fui ao sitio hoje a tarde apenas pra ver como as coisas estavam; e bom tudo estava do mesmo jeito que eu havia deixado desde a ultima vez que fui lá. Isso é bom. Fui direto para o meu quarto ver se havia alguma coisa lá que ainda me poderia ser útil. Achei uma caixa cheia de poeira e coisas velhas. Ela me chamou muito a atenção, e fui direto ver o que tinha dentro. Revirei pra cá e pra lá. Como pode uma caixa tão pequena caber tanta história, tanta vida, tantos acontecimentos, recordações, pesadelos, sonhos, pessoas, amores? Estranhamente eu sabia a resposta pra essa pergunta. Era como se aquela caixa representasse toda a minha vida. Tinha coisas la dentro da época de Ensino Fundamental ate o Ensino Médio. Textos que eu escrevia achando ser os mais lindos do mundo e hoje quando os li percebi o quanto evolui, o quanto minha mente se tornou uma esponja que esta absorver as coisas a todo instante. Por vezes ela filtra o que absorve, por vezes não. Mas isso não é de todo ruim. Achei uma agenda. Exclamei em voz alta. Abri. E lá estava toda uma vida que tinha passado bem depressa sem que eu pudesse perceber muita coisa que tinha acontecido. Li, reli, sorri, chorei, gargalhei, me envergonhei, senti saudades, mas não quis voltar. E lá estava ela, a carta. A carta em que eu confessava o crime, o mais tenebroso crime que eu havia cometido. Acho que foi o único. Na carta eu contava tudo com detalhes. Não parecia uma carta de confissão, e acho que não era. Quando a escrevi eu não me envergonhava de ter feito tudo aquilo. Muito pelo contrário, achava tudo muito lindo. Tipo coisa de filme. E conforme fui lendo foi como se estivesse revivendo cada instante daquele dia. Arrepiei; senti medo, muito medo, porque percebi o quanto o passado estava próximo do futuro e que de certa forma poderia prejudicá-lo. Tive vontade de chorar, mas segurei as lagrimas, tentei recobrar o sentido e enxergar a realidade novamente. Tanta coisa mudou desde aquele dia. Tantas pessoas conheci; Tantas outras amei. Mas o passado continuava ali, intacto. E eu tive medo, medo de que alguém pudesse me julgar por aquele crime. Mas que culpa eu tinha já que não consegui evitar? Não tinha como evitar. É como dizem: “é matar ou morrer.” Digamos que eu não estava pronta pra morrer. Não naquele momento. Eu queria viver, aproveitar a chance única que aparecera diante de meus olhos; queria agarrá-la com toda a força. E foi isso que eu fiz. Acho que não estava pronta pras conseqüências, eu nem estava pensando nelas. Deixei que elas passassem despercebidas diante de meus olhos. Como a água que insistentemente bate na rocha até um certo momento em que a rocha começa a ser moldada pela água e assim ganha uma forma diferente. E foi assim que aconteceu. O futuro se tornou presente e foi me moldando mais e mais a cada dia, mas o passado continuava ali. Como se nada tivesse acontecido. Como se nada tivesse mudado. Ainda estava ali e agora renascia com toda a força, como se quisesse me fazer voltar a viver cada instante que eu perdi e reviver cada instante por qual passei. Mas eu disse não. Em voz alta eu disse não. Insistentemente eu disse NÃO, ate achar que estava totalmente convencida de que eu não poderia voltar pra lá. Fechei a carta, guardei-a de volta na agenda. Fui correndo la pra fora. Vi o sol, tão ardente. Encontrei o meu presente que estava a sorrir pra mim. Ele me disse apenas um oi, mas foi como se tivesse me tirado de um poço bem fundo que insistentemente eu lutava pra sair. Como num flash, estava eu de volta.

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