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sábado, 5 de janeiro de 2013

Espelho Mágico


E foi quando voltei a um antigo hábito que me deparei comigo mesma, só que mais jovem, mais agitada, mais elétrica. Deparei-me com quem eu era à alguns anos atras. Esse encontro foi realmente significativo. Foi como se tivesse olhado num espelho mágico e de repente eu voltei a ter 16 anos. Vi o quanto o meu rosto tinha mudado, meu cabelo, meus olhos. Eu parecia outra pessoa. Não conseguia ver nada do meu antigo eu, ou quase nada, dentro desse novo eu e isso foi assustador.
Eu costumava ser uma pessoa mais alto astral, mais divertida. Mais tudo o que eu não sou hoje. Senti- me uma velha chata quando aquela menina de 16 anos me olhou nos olhos e me intimidou com seu olhar feroz ; me fez querer voltar pra casa no mesmo instante. Ela era radiante. Era destemida. Não tinha medo de se machucar. Não tinha medo que lhe falassem coisas feias. Ela tinha resposta pra tudo na ponta da língua; estava sempre preparada não importando a situação. Isso simplesmente me fez perceber o quanto eu tinha mudado. O quanto de mim eu tinha deixado do lado de fora. Essa casca foi me moldando e foi se tornando cada vez mais resistente, acho que nem eu mesma conseguia entrar e foi aí que me perdi. Fui me perdendo aos poucos, fui deixando pedaços de mim no chão por onde passava todos esses anos. E agora onde estou? Não reconheço essa pessoa que vejo diante do espelho. É uma menina? É uma mulher? Ela é legal? Parece-me meio infeliz. Que triste. É tão nova.
Não foi muito tempo que se passou. Apenas 4 anos, mas foi suficiente pra acabar comigo. De certa forma. Percebi que eu tinha mudado muito e boa parte daquela mudança não foi escolha minha. As pessoas estavam sempre me dizendo o que fazer, como pensar, de que maneira deveria agir. Não que eu fosse de seguir tudo o que as pessoas me falavam, mas de tanto ouvir agente acaba acreditando que o que dizem é verdade. E foi aí que eu errei. Mudei meu jeito de agir, de pensar, de viver. Deixei de ser eu quase que por completo. Ate ontem quando encontrei aquela menina. Que saudades que eu senti dela. A minha vontade foi de abracá-la tão forte como se de alguma forma pudesse colocá-la de novo na minha vida. Mas eu ja sabia que isso não seria possivel. Não dessa maneira. Mas nao custaria nada tentar. Ainda me pergunto como pude deixá-la ir embora assim. Como pude abrir mão dela.
Sei que não posso tê-la novamente na minha vida. Não dessa forma crua como ela era. Ela cresceu, amadureceu. Aprendeu bastante com as coisas da vida. Até se tornou um pouco chata, mas tudo bem. O que eu aprendi? Devo tomar muito cuidado ao olhar no espelho novamente. Mas a parte boa de tudo isso? Foi perceber que sim, eu mudei, mas agora que enxerguei pude colocar numa balança o quanto dessa mudança foi realmente positiva pra minha vida. E de alguma forma eu consegui resgatar parte dela, parte dessa menina aventureira e colocá-la dentro de mim novamente. Com aquele mesmo espírito de querer mudar o mundo. De querer fazer e acontecer. Destemida.

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