E foi quando voltei a um antigo hábito que me
deparei comigo mesma, só que mais jovem, mais agitada, mais elétrica. Deparei-me
com quem eu era à alguns anos atras. Esse encontro foi realmente significativo.
Foi como se tivesse olhado num espelho mágico e de repente eu voltei a ter 16
anos. Vi o quanto o meu rosto tinha mudado, meu cabelo, meus olhos. Eu parecia
outra pessoa. Não conseguia ver nada do meu antigo eu, ou quase nada, dentro
desse novo eu e isso foi assustador.
Eu costumava ser uma pessoa mais alto astral, mais
divertida. Mais tudo o que eu não sou hoje. Senti- me uma velha chata quando
aquela menina de 16 anos me olhou nos olhos e me intimidou com seu olhar feroz
; me fez querer voltar pra casa no mesmo instante. Ela era radiante. Era
destemida. Não tinha medo de se machucar. Não tinha medo que lhe falassem
coisas feias. Ela tinha resposta pra tudo na ponta da língua; estava sempre preparada
não importando a situação. Isso simplesmente me fez perceber o quanto eu tinha
mudado. O quanto de mim eu tinha deixado do lado de fora. Essa casca foi me
moldando e foi se tornando cada vez mais resistente, acho que nem eu mesma
conseguia entrar e foi aí que me perdi. Fui me perdendo aos poucos, fui
deixando pedaços de mim no chão por onde passava todos esses anos. E agora onde
estou? Não reconheço essa pessoa que vejo diante do espelho. É uma menina? É uma
mulher? Ela é legal? Parece-me meio infeliz. Que triste. É tão nova.
Não foi muito tempo que se passou. Apenas 4 anos,
mas foi suficiente pra acabar comigo. De certa forma. Percebi que eu tinha
mudado muito e boa parte daquela mudança não foi escolha minha. As pessoas
estavam sempre me dizendo o que fazer, como pensar, de que maneira deveria
agir. Não que eu fosse de seguir tudo o que as pessoas me falavam, mas de tanto
ouvir agente acaba acreditando que o que dizem é verdade. E foi aí que eu
errei. Mudei meu jeito de agir, de pensar, de viver. Deixei de ser eu quase que
por completo. Ate ontem quando encontrei aquela menina. Que saudades que eu
senti dela. A minha vontade foi de abracá-la tão forte como se de alguma forma
pudesse colocá-la de novo na minha vida. Mas eu ja sabia que isso não seria
possivel. Não dessa maneira. Mas nao custaria nada tentar. Ainda me pergunto
como pude deixá-la ir embora assim. Como pude abrir mão dela.
Sei que não posso tê-la novamente na minha vida. Não
dessa forma crua como ela era. Ela cresceu, amadureceu. Aprendeu bastante com
as coisas da vida. Até se tornou um pouco chata, mas tudo bem. O que eu
aprendi? Devo tomar muito cuidado ao olhar no espelho novamente. Mas a parte
boa de tudo isso? Foi perceber que sim, eu mudei, mas agora que enxerguei pude
colocar numa balança o quanto dessa mudança foi realmente positiva pra minha
vida. E de alguma forma eu consegui resgatar parte dela, parte dessa menina
aventureira e colocá-la dentro de mim novamente. Com aquele mesmo espírito de
querer mudar o mundo. De querer fazer e acontecer. Destemida.
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